Daniela Ventura
Um puzzle chamado de "A Minha Vida"
Há muito que quero começar a escrever sobre o meu Ser mais profundo. É engraçado contar as nossas aventuras e peripécias – minhas e do querido intestino – mas há um apelo para mais. Tanta riqueza de informação, tantos fluxos, momentos, pensamentos, aprendizagens,… que parece quase mal não escrever sobre elas. Mas, sabem como é: o pessoal vai deixando passar… deixando passar… depois, tanta água correu debaixo da ponte que nos perguntamos por onde começar e se ainda fará sentido.
Decidi começar do Agora – pois nada mais real do que o Agora, certo? Pelo meio, certamente, alguns rasgos do passado. Que o meu sentir me dê coragem para continuar esta partilha – pois nada me deixa mais feliz. Mas a mente…. é uma malandra e está sempre a tentar das suas! Vem com as suas manhas e abana-nos com ideias estapafúrdias como a de que temos preguiça, não somos capazes, não estamos “naquele dia criativo” conforme se acena com uma cenoura à frente dos olhos de um burro e nós, lá começamos a seguir os seus desígnios todos gulosos!
Hoje senti que era tempo de não adiar mais. Até porque estamos a passar por um segundo eclipse (deram-se 2 este mês), que pretende vir cutucar-nos e dizer que chegou um novo tempo, um tempo fora da manipulação do ego (e mente) onde o medo de sentir já não nos deve dominar (se assim for a nossa escolha). O desafio diz-nos para deixarmos para trás a ilusão de que temos que controlar partes do nosso Ser, mascarando essa acção com o facto de que o fazemos para atingir o equilíbrio.
Faz 1 ano este mês que eu comecei uma nova etapa de como me relacionar comigo própria: num propósito de conhecimento da minha pessoa verdadeira e de aceitação. Num processo de aceitação que tenho várias peças do meu puzzle espalhadas (muitas delas desconhecidas) e que estas têm de ser encontradas, olhadas, percebidas e juntas às outras para formarem um todo. No fim, não pretendo emoldurar a minha criação e por na parede da minha sala. Pretendo viver o meu puzzle usufruindo das peças todas! Não quero nem aceito ter mais medo do que vou descobrir que sou, da dor, do confronto com o corpo e com o sentir, de assumir a minha pessoa adulta com toda a sua história e percurso até então.
O primeiro passo foi saber que queria mudar. Depois, tive de ganhar coragem mascarando esse tempo com algumas actividades que fingiam que estava a remar rumo ao meu objectivo. Houve (e há) muita confusão, dificuldade, ansiedade, andar para a frente e para trás… e para trás mais um bocado, e para a frente mais um nadinha. Ufa. Houve dias em que nada fazia sentido e o pânico toma conta – o desconhecido chega a nós e assusta-nos. Dias de compreensão, entrega e pura alegria. Dias de Amor e clareza – de confiança.
Hoje percebi o quanto é simples o caminho. Tão simples. Mas percebi, também, quantas vezes e com quanta facilidade me esqueço dessas indicações tão simples. Gostava de não me esquecer – mas aceito que o faça – é assim que sou. Na verdade, e vai parecer tão cliché escrito apenas assim, a mente é o que me faz esquecer e confunde. Mas isso vou deixar para outra história… grão a grão, As Crónicas do Intestino Irritável irão encher os papos 😉
Obrigado por me acompanharem.